Em um cenário cada vez mais tecnológico e dinâmico, a educação mantém-se como um pilar essencial para a geração de oportunidades e a transformação de realidades. Nesse contexto, ferramentas digitais como as Inteligências Artificiais (IAs) devem ser compreendidas como aliadas no processo de aprendizagem — recursos que apoiam, otimizam e potencializam tarefas, mas que não substituem o papel ativo do estudante.
A coordenadora acadêmica da Fanese, Me. Marluany Poderoso, durante entrevista concedida à Rádio Jornal nesta segunda-feira (30), destacou a importância dos alunos assumirem o protagonismo em suas jornadas educacionais, preparando-se de forma sólida para o mercado de trabalho.
“A Inteligência Artificial está aí, ela pode ser usada ao seu favor, mas ela não pode fazer o seu papel de aluno. Ela não vai fazer a prova por você, ela não vai construir um arquivo para você, porque as ideias são suas. Nós temos que ter o nosso senso crítico, e esse senso crítico é construído durante esse processo educativo, com debates em sala, rodas de conversa como a gente faz”, ressaltou.
A crescente sofisticação das ferramentas de IA reacendeu o debate sobre a possível extinção de diversas profissões. No entanto, apesar dos avanços tecnológicos, um relatório de 2025 do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo revela que muitos usuários ainda demonstram resistência em confiar plenamente nas respostas geradas por máquinas.
O estudo, conduzido pela empresa de pesquisa YouGov, entrevistou 97 mil pessoas em 48 países, incluindo o Brasil, e destaca uma percepção crítica sobre o uso da IA em ambientes informacionais sensíveis, como o jornalismo.
Ao concluir o ensino médio, muitos jovens enfrentam dúvidas e questionamentos sobre qual graduação escolher. Para Marluany, no entanto, uma coisa é certa: o conhecimento é um dos bens mais valiosos que alguém pode conquistar. “Podem tirar qualquer coisa de você, mas o que você aprendeu, ninguém tira”, afirma. A coordenadora também refletiu sobre o papel dos educadores no cenário atual.
“Nós, educadores e professores que estamos sempre ali, eu sempre falo ‘na trincheira’, no dia a dia nas salas de aula, temos que incutir na cabeça dos alunos que existem possibilidades no mercado de trabalho. O mercado já exige que ele seja qualificado, a verdade é essa, mas que, para além disso, ele tenha senso crítico e responsabilidade social, algo bastante trabalhado na Fanese: a devolutiva para a comunidade.”
A coordenadora do Núcleo de Práticas Extensionistas da Fanese (NUPEF), Ma. Kamilee Lima, também participou da entrevista e reforçou a relevância das ações de extensão e pesquisa na formação profissional dos alunos.
“A gente tenta incutir na cabeça do aluno que não basta entrar em sala de aula. Não basta ficar refém de ferramentas que nos dão respostas muito rápidas — o que, por um lado, pode ser muito bom —, mas a gente precisa estar o tempo todo exercitando esse cérebro, para inclusive conseguir elaborar novos problemas e trazer novas respostas para a sociedade”, enfatizou.
Mais do que acompanhar as transformações tecnológicas, o ensino superior precisa formar mentes questionadoras, críticas e socialmente engajadas, capazes de usar a tecnologia como ferramenta, não como substituição. É esse olhar que diferencia quem apenas conclui um curso de quem, de fato, está pronto para transformar a sociedade.
Amanda Custódio sob supervisão de Larissa Barros